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Entrevista com o DR. DIEGO GARCÍA BORREGUERO, diretor do Instituto de Investigações do Sono da Espanha

23 de fevereiro de 2018
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“Dentro do amplo campo dos transtornos de movimento durante o sono, o mais frequente de todos, o mais importante no que se refere a consequências para a saúde, é a Síndrome das Pernas Inquietas…”

Sou neurologista, psiquiatra e especialista em sono. Comecei nesta área ao concluir meu doutorado e minha especialização no instituto Max-Planck de Munique (Alemanha), e posteriormente fiz uma subespecialização em medicina do sono nos Estados Unidos, onde estive por cinco anos trabalhando com o National Institute of Health de Bethesda e com a Universidade de Georgetown. Posteriormente retornei à Espanha no ano de 1995, a partir desse momento dirigi a Unidade de Sono da fundação Jiminéz Díaz durante dez anos, e posteriormente, desde 2005, criei o Instituto de Investigações do Sono. Minha área de investigação está centrada em transtornos de movimento durante o sono, em que temos uma posição de liderança entre os centros mais reconhecidos do mundo; do ponto de vista assistencial, temos o principal centro privado de sono na Espanha, realizamos mais de mil polissonografias ao ano e temos uma ampla base de pacientes dentro do setor privado em Madri.

DR. DIEGO GARCÍA BORREGUERO, sua trajetória tanto acadêmica quanto profissional traz experiências importantes em diversos países, tanto na Europa quanto na América do Norte e na Ásia, onde você já participou de eventos e conferências. Como você vê a evolução dos estudos da medicina do sono ao redor do mundo? Há algum país que se destaca neste tema?

Existe sempre uma certa disputa acerca de onde começou a medicina do sono. Os europeus a atribuem a si mesmos, os americanos a si mesmos, e ambos contam a história como se do outro lado nada houvesse existido. Provavelmente, a medicina do sono começou, ao mesmo tempo, em vários lugares; o que acontece é que a medicina do sono passou a ser algo que só interessava aos eruditos, quer dizer, a pessoas interessadas fundamentalmente na área de investigação. A medicina do sono sofre uma mudança importante no final dos anos 70, em que se desenvolve o conceito de centros de medicina do sono como centros assistenciais, que inicialmente se dedicavam exclusivamente a tratar de uma doença, de transtornos respiratórios durante o sono, principalmente a apneia do sono. Mas, com o tempo, ao investigar o sono, se passou a prestar mais atenção ao fato de que existia uma grande variedade de patologias que poderiam ter repercussões globais para a saúde; na área de medicina do sono se descobriu, ao final dos anos 80, o transtorno de comportamento durante o sono REM, e posteriormente se há percebido que essa doença é um sintoma precoce da aparição de Parkinson, quer dizer, uma doença neurológica que atinge 1% da população. Me refiro ao transtorno de comportamento durante o sono REM, e que não havia sido descoberto até meados dos anos 80; utilizo-o como exemplo do quanto a medicina do sono ainda tem para descobrir. Há quadros inteiros que ainda não foram descobertos e que precisam de investigação, de assistência e de tratamento assistencial. Em relação ao país de destaque, como em todas as instâncias, o país que dita o ritmo para o resto do mundo é os Estados Unidos, é um tema que depende da quantidade de recursos dedicados a ele e a quantidade de recursos dedicados à investigação; na Europa tem se desenvolvido muito a medicina do sono particularmente na Alemanha, e, a uma certa distância, seguem os grandes países europeus: França, Espanha, Itália, mas como um todo, na Europa ocidental, a área da medicina do sono está em constante progresso.

Os transtornos de movimento são uma das principais referências durante o sono. Que tipo de distúrbio afeta mais a população mundial? Existem diferenças significativas entre os continentes?

Claramente, dentro do amplo campo de transtornos de movimento durante o sono, o mais frequente de todos eles, o mais importante epidemiologicamente, o mais importante no que se refere a consequências para a saúde, é a Síndrome das Pernas Inquietas (SPI). Sim, existem várias diferenças entre uns continentes e outros, mas estas dependem de características étnicas.

Entre a população branca, a Síndrome das Pernas Inquietas pode chegar a afetar até 5 ou 7% da população adulta; em outras zonas da Europa, pode chegar a acometer 3% da população adulta, o que são porcentagens muito elevadas. No entanto, em populações de raça não-branca a frequência diminui claramente. Sabemos que, no Japão, a prevalência da doença fica entre 1 e 4% da população. Há mais estudos que assinalam que se aproxima mais de 1% do que de 4%, e na população de raça negra o quadro de pernas inquietas é ainda menos frequente, quer dizer, há um elemento racial étnico provavelmente ligado à presença ou ausência de determinados genes que são polimorfismos de risco, que aumentam a probabilidade de aparição deste quadro.

Especificamente sobre a Síndrome das Pernas Inquietas, tema este no qual você se especializou, em que momento o paciente deve procurar um médico e como se faz o diagnóstico?

Hoje, o diagnóstico é clínico. Este tema é um no qual se decidiu que fosse assim; claro que existem grandes dúvidas sobre se o diagnóstico clínico é o suficiente, mas o consenso é que o diagnóstico deve ser feito de maneira clínica e que os testes do laboratório de sono devem ser feitos somente nos casos que ofereçam dúvidas de diagnóstico; agora, sim, é possível que isso mude no futuro. Baseado no que acabei de dizer, recomenda-se que o paciente busque auxílio médico sempre que a presença deste quadro lhe altere o sono noturno ou diminuía sua qualidade de vida, impedindo-o de viajar, ir ao cinema, ir ao teatro, quer dizer, que lhe impeça de estar em situações e vigília relaxada, mas este é um critério puramente clínico. Tudo isso pode mudar. Cada vez temos mais informações de que a síndrome das pernas inquietas é um fator de risco cardiovascular, há vários estudos prospectivos que estão examinando mais detidamente esta questão, mas é perfeitamente possível que, no futuro, no momento em que essa relação esteja suficientemente estabelecida, desloquemos o momento de consulta ao médico, o situemos em outro lugar, quer dizer, é possível que, a partir de determinado número de movimentos periódicos das pernas durante o sono ou durante a vigília, tenhamos sintomas biológicos que nos apontem o grau de severidade da doença de maneira mais adequada do que os critérios puramente clínicos, e no dia em que cheguemos a esse ponto, pode ser que nós não nos preocupemos tanto com a clínica e que nos interesse mais esse tipo de sintoma biológico como o ponto a partir do qual começar um tratamento.

Quais são os estudos mais recentes e como evoluíram nos últimos anos os tratamentos para a Síndrome de Pernas Inquietas?

Atualmente, existem várias linhas de pesquisa fundamental sobre a Síndrome de Pernas Inquietas, uma delas se relaciona com a causa da síndrome das pernas inquietas, em que a ligação entre o armazenamento de ferro cerebral e o aparecimento da doença em si tem garantido um desenvolvimento importante e, de fato, tem aberto o caminho para uma das formas mais eficazes de tratamento nos últimos anos, que é a administração de ferro intravenoso como uma forma de encher diretamente estes depósitos de ferro no cérebro que estão deprimidos. Por outro lado, existe toda uma linha de pesquisa genética. Recentemente foi publicado um artigo que eleva a 19 os polimorfismos de risco, isto é, estamos falando aqui de genes que, dependendo de qual das suas variações aparece no genótipo, teremos mais ou menos risco de padecer da doença. A função desses genes é pouco conhecida, dito de uma maneira um tanto geral. No entanto, vemos que alguns desses genes intervêm no desenvolvimento embrionário do sistema nervoso central. A terceira linha diz respeito à causa da doença. Sobre este tema nós estamos trabalhando em conjunto com um centro dos Estados Unidos, os National Institutes of Health de Bethesda, e estamos trabalhando a fisiopatologia, que estava centrada sobretudo na dopamina, os mecanismos relacionados com a adenosina como reguladora, que em última instância produz uma situação de aumento da função do sistema glutaminérgico e aumento do sistema dopaminérgico. Isso abre uma nova visão da fisiopatologia da doença e, sobretudo, está começando a dar lugar às primeiras opções terapêuticas que não têm nada a ver com o ácido glutamato ou com a dopamina.

Em um mundo que funciona 24 horas, muitas pessoas trabalham à noite e só podem dormir durante o dia. Há algum prejuízo nesse hábito? O que você recomendaria para essas pessoas?

O maior problema, de acordo com o estado atual do nosso conhecimento, não é o fato de se dormir de dia. Isso não causa maiores prejuízos desde que seja feito em condições ambientais, de ruído, de luminosidade, de falta de interrupções, similares às da noite. Contudo, o que está acontecendo com maior frequência na sociedade moderna é o turno rotatório, o fato de que alguns dias dormimos de dia, outros dias de noite. Essa variação nos horários é a característica mais nova. O corpo humano é capaz de alterar os ritmos circadianos para se adaptar a um ritmo de vida em que se dorme de dia e se trabalha à noite, mas sempre se mantendo constante. O problema é que isso raramente ocorre e essa variação no ritmo circadiano, de, digamos, dormir três dias pela manhã, três dias pela tarde, três noites, é algo para o qual o sistema nervoso não está capacitado. A longo prazo, isso produz um aumento da morbidade, pelo menos da morbidade cardiovascular, que é possivelmente o maior problema. A investigação atual está de alguma forma dirigida a buscar formas de utilização da luminoterapia para influenciar esses ritmos circadianos enquanto o paciente realiza outras atividades, inclusive enquanto dorme. Assim, investigam-se outros tipos de espectros de frequência luminosa que possam ser aplicados inclusive ao trabalhador que realiza um trabalho noturno.

“O corpo humano é capaz de alterar os ritmos circadianos para se adaptar a um ritmo de vida em que se dorme de dia e se trabalha à noite, mas sempre se mantendo constante.”

Dr. García-Borreguero (neurologista, psiquiatra e especialista do sono)

Como você conheceu a Neurovirtual?

Eu conheci esta marca através do Dr. Thomas Penzel, que é um amigo, colega e eminente médico em medicina do sono na Alemanha. Ele me colocou em contato com esta marca e com o pessoal dessa empresa. Naquela época, eu tinha necessidade de renovar um dos meus equipamentos. Atualmente, já temos três equipamentos da Neurovirtual. Fomos os primeiros na Espanha a adquiri-los e, possivelmente, estávamos entre os primeiros na Europa. Então, chamou a minha atenção duas coisas fundamentais: o software é extremamente fácil de usar, flexível e robusto. Robusto no sentido de que ele dá muito poucas falhas, essa característica eu já defini nesses três termos, é tremendamente flexível e sólida. O segundo elemento que é essencial para mim é o serviço técnico. Uma marca pode oferecer excelentes produtos, mas se o serviço não é suficientemente eficaz, teremos problemas mais cedo ou mais tarde. No caso da Neurovirtual, existe um serviço 24 horas em língua castelhana, o que para o pessoal do meu laboratório é uma grande vantagem e, de fato, até nos beneficiamos muito da diferença de horário entre Espanha e América Latina, porque isso nos permite trabalhar em horários nos quais os estudos de sono na Espanha se realizam, enquanto o pessoal está aí atendendo pela tarde. O serviço técnico da Neurovirtual é provavelmente o melhor que eu vi até agora, o mais rápido. Trabalham enviando peças, dando soluções online quase ao minuto e, realmente, o tempo que levamos com eles nos convenceu. O Instituto do Sono está agora em um processo de expansão. Vamos abrir em breve um novo centro de sono em Bilbao e vamos começar as atividades em um novo centro em Santiago do Chile. Em todos esses centros, contamos com a Neurovirtual de tal maneira que será a nossa marca de referência.

Você recomendaria produtos da Neurovirtual a seus colegas na área de neurologia e medicina do sono?

Claramente, a melhor recomendação que posso fazer agora é a que acabei de mencionar. Toda a expansão que terá nosso centro ao longo de 2018 será feita com base na Neurovirtual. A experiência que tivemos em 2017 nos convenceu o suficiente para torná-la, a partir de agora, a nossa marca de referência.

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