O Dr. Orlando Carreño Moreno, professor de pediatria e neurologia pediátrica da Universidade Bolivariana, na Colômbia, explica que “3 de cada 10 pacientes possuem um tipo de epilepsia considerado de difícil controle e os medicamentos usualmente empregados não funcionam para eles, mas temos visto que o óleo de cannabis consegue controlar as crises convulsivas”.
Como se sabe, a maconha tem sido usada por mais de 5 mil anos como o tratamento medicinal, devido a sua potente força analgésica e anti-inflamatória, no entanto, foi proibida devido aos episódios de dependência a que foi relacionada.
“Hoje em dia, a ciência tem olhado novamente aos canabinoides, considerando que seu valor terapêutico é muito alto não apenas para a epilepsia, como também para o glaucoma, a esclerose múltipla, a fibromialgia e o câncer terminal, os quais não respondem adequadamente aos medicamentos convencionais”.
É viciante?
Para as pessoas que têm medo disso, informamos que a cannabis não é o mesmo que a maconha, uma vez que o óleo terapêutico para crianças que é extraído da planta não é o mesmo que o que é fumado; portanto, não gera dependência. Além disso, a maneira de administrá-lo não é a mesma usada no uso recreativo.
“Pouco a pouco temos mais informação e pesquisas no mundo da neurologia a respeito dos canabinóides. Na Colômbia, por exemplo, se administra por via oral no formato de óleo e spray inalador, este último apenas para pacientes adultos”, explica Carreño Moreno.
História
Carreño Moreno ressalta que, embora o uso de canabinóides para fins médicos tenha existido por centenas de anos, é apenas 20 ou 30 anos atrás que tem sido explorado para o mercado médico mundial, aplicando um grande número de exames de laboratórios internacionais que com êxito vem se superando.
Seu grande problema: a ilegalidade
“Os neurologistas pediátricos sabem que o óleo de cannabis serve para a epilepsia, assim como alguns pais, mas não contamos com medicamento feito exclusivamente para seu tratamento, então há que comprar o produto ilegalmente”, aponta Carreño Moreno, mostrando assim um grande problema, pelo qual se têm que passar.
Sendo esse produto ainda ilegal, não existe um controle que regule o correto cultivo dele, por isso “algumas plantas são de péssima qualidade e podem conter pesticidas e metais pesados que causam danos. Em outros casos, se dão para que as crianças fumem, ainda que não deva ser assim, mas há pais que desesperados por ver seus filhos melhores fazem qualquer coisa. ”
É por este motivo que “temos tido casos em que o paciente se intoxica e pensa que é o produto, mas na verdade é a má administração do mesmo, e que não se trata de óleo de cannabis, senão de um óleo que sequer contém canabinoides. Ou seja, os charlatões vendem óleo de cânhamo ou de qualquer outra planta e fazem passar por cannabis”.
Outro problema inevitável é o alto custo do produto. Ao ser ilegal, muitas vezes se tem que conseguir em outros países. Se o produto é conseguido em território nacional, continua sendo caro pois devemos lembrar que muitos pacientes com epilepsia são de lugares menos privilegiados.
“É no mercado negro onde a grande maioria dos pacientes tem acesso, senão todos. São poucos os médicos (pediatras) que têm conhecimento dos canabinoides e não devemos esperar que alguém chegue a nos ensinar, é responsabilidade dos médicos e das Faculdades de Medicina de toda as universidades da América Latina estar atentos sobre o progresso da medicina e do óleo de cannabis”, finaliza o especialista.
Não há dúvida de que este é um assunto que dá muito que falar, mas ao qual mais e mais pessoas entendem. Se você tivesse um caso próximo, recomendaria este produto como terapia?