O DR. ARMIN DELGADO SALINAS É NEUROLOGISTA E ESPECIALISTA EM NEUROFISIOLOGIA PEDIÁTRICA. ATUALMENTE LIDERA O GABINETE DE NEUROFISIOLOGIA NO HOSPITAL NACIONAL ESSALUD “EDGARDO REBAGLIATI MARTINS”, ONDE REALIZA ESTUDOS DE ELETROENCEFALOGRAFIA EM NEONATOS E CRIANÇAS. SEU FOCO ESTÁ NO DIAGNÓSTICO DE TRANSTORNOS NEUROLÓGICOS ATRAVÉS DA AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE CEREBRAL.
NN: Olá, Dr. Armin Delgado, poderia começar se apresentando?
Dr. Armin Delgado: Olá, amigos, como estão? Meu nome é Armin Delgado e sou médico neurologista. Estou à frente do gabinete de neurofisiologia no Hospital Nacional Essalud Edgardo Rebagliati Martins, especificamente na área pediátrica. Nesta unidade, realizamos estudos de eletroencefalografia em neonatos e crianças até os 14 anos.
NN: Quais são as principais indicações clínicas para a realização de um EEG em neonatos?
Dr. Armin Delgado: As principais indicações clínicas para realizar um eletroencefalograma em neonatos são descartar algum processo epiléptico ou metabólico que possa alterar a função cerebral de um recém-nascido. Também pode ser utilizado para determinar a idade gestacional e nos protocolos de hipotermia. Estas são as três áreas mais importantes com relevância clínica.
NN: Quais diferenças eletrofisiológicas específicas são observadas no EEG de neonatos em comparação com adultos? E como isso influencia a interpretação clínica?
Dr. Armin Delgado: A diferença entre um eletroencefalograma neonatal e um não pediátrico é significativa. Para começar, os EEGs que realizamos em neonatos utilizam eletrodos que chamamos de extracerebrais. Ou seja, não apenas colocamos eletrodos a nível cerebral, mas também a nível ocular, no queixo, adicionamos uma faixa respiratória e registramos respostas a nível do que chamamos de eletrocardiograma.
Por que fazemos isso? Porque, no período neonatal inicial, muitas vezes é difícil diferenciar o estado em que o bebê se encontra: se está acordado, em sono ativo ou em sono passivo. Isso é diferente em comparação com uma criança mais velha, como uma de um ou dois anos, onde geralmente colocamos eletrodos apenas a nível cerebral.
Isso, obviamente, tem uma implicação clínica direta. Por quê? Porque o eletroencefalograma, do ponto de vista do traçado basal, ou seja, dos grafoelementos próprios da idade, é muito diferente em um neonato ou recém-nascido.
As diferenças por semanas estabelecem uma referência sobre a maturidade elétrica, em comparação com o que observamos em uma criança com mais de dois meses. Além disso, as classificações de sono a nível mundial indicam que, a partir dos dois meses, já se pode observar uma certa semelhança com as classificações utilizadas para crianças mais velhas ou adultos.
Por essa razão, em crianças com menos de dois meses utilizamos uma classificação distinta. Ter uma ferramenta como o eletroencefalograma nos ajuda, entre outras coisas, a avaliar o que mencionei anteriormente: a maturidade cerebral.
NN: Quais são os principais desafios técnicos ao realizar EEG em neonatos e como você os supera?
Dr. Armin Delgado: Bem, realmente é difícil realizar um eletroencefalograma (EEG) em neonatos. Nossa enfermeira, que é treinada nesta área há mais de 15 anos, frequentemente enfrenta desafios técnicos. Para nós, a interpretação de um EEG neonatal é muito diferente de um EEG pediátrico, o que representa um grande desafio.
Habitualmente, os bebês que atendemos estão em áreas complexas, como a UTI pediátrica ou unidades neonatais, que, de maneira rotineira, estão rodeadas de muitos equipamentos elétricos. Ou seja, o campo elétrico nesses ambientes é desafiador. A presença de vários campos elétricos gera ruído ou, como chamamos coloquialmente, artefatos. Todas essas interferências externas, que não têm origem cerebral, afetam o traçado dos sinais.
No entanto, ao longo dos anos, aprendemos a lidar melhor com essas dificuldades. Além de realizar uma boa limpeza do couro cabeludo e utilizar materiais adequados, descobrimos que realizar os estudos com equipamentos que funcionam a bateria, em vez de conectados à tomada, nos ajudou a obter um traçado mais preciso, sem a influência de campos elétricos externos.
Nesse sentido, ao realizar EEGs em áreas pediátricas ou neonatais, sempre buscamos obter um sinal de boa qualidade. As características técnicas dos equipamentos que utilizamos contribuíram significativamente para minimizar ou eliminar esses artefatos externos. Também aprendemos que afastar os equipamentos de áreas com alta concentração de dispositivos elétricos melhora a qualidade do registro. Por exemplo, em unidades neonatais de prematuros, onde os bebês geralmente estão em incubadoras ou conectados a grandes dispositivos, conseguimos melhores resultados ao desconectar temporariamente esses dispositivos por alguns minutos.